Um olhar de um homem gay de fora para dentro
Escrever no Blog Minha Vida Gay quando estou de férias sempre é prazeroso. São dois dias inteiros que estou em NYC, em minha “mini-férias” no total de oito e tenho aproveitado das 7h às 0h00. Algo me diz que esses meus momentos em terras estrangeiras são os últimos por um tempo mais longo, não somente porque a crise econômica se alastra pelo Brasil, fazendo o Real desvalorizar agressivamente, mas porque para o ano que vem tenho em vista outros planos que tiram uma viagem dessas um pouco dos objetivos… vamos ver.
Estar numa cidade igualmente cosmopolita, capitalista e intensa como São Paulo, mas com as nuances de uma outra cultura, leis, tipo de povo e valores é sempre um poço de inspiração e insights.
Sou daqueles “chatos” (ou não) que as vezes colocam “textões” na timeline do Facebook e que se orgulha mais pelas curtidas em pensamentos escritos do que nas próprias fotos ou graças. E foi ontem que postei um desses textos maiores e obtive, desde a época das eleições, um maior número de curtidas e comentários de amigos e colegas distintos, de universos sociais diferentes e sem proximidade. Achei que valeria à pena reproduzir aqui no MVG, como primeiro post em ares nova-iorquinos, como fiz das outras vezes que aqui estive:
12 dinheiros
12 dinheiros custava o prato de Karaage em setembro de 2013, no Sapporo aqui em Manhattan.
12 dinheiros custava o prato de Karaage em outubro de 2014, no mesmo restaurante.
12 dinheiros é o que custa esse prato japonês, em setembro de 2015, aqui, no mesmo Sapporo.
É até estranho (um turista igualmente estranho como eu que prefere repetir a mesma cidade consecutivamente) voltar para a Big Apple três anos seguidos, entrar no mesmo restaurante e pedir o mesmo prato.
Mas mais estranho do que isso, para um brasileiro como eu que estranhamente repete o lugar, é ver que o mesmo prato custa os mesmos 12 dinheiros a três anos!
É impressionante e estranho, para um brasileiro como eu.
O Karaage no Kazu, na Liba, começou custando uns 20 e poucos dinheiros quando eu descobri o restô. Depois passou para uns 20 quase 30 e, hoje, com bebida, não se gasta menos do que 40 dinheiros.
Como pode, durante 3 anos, o Karaage custar 12 dinheiros no Sapporo Restaurant, os funcionários serem praticamente os mesmos, o restaurante estar exatamente como foi (a exceção do design do cardápio que ficou mais pop) e esse mesmo cliente estar lá na mesma época do ano durante 3 anos?!
No Brasil a gente aprende a pagar cada vez mais pelas coisas e dar graças a Deus por conseguir acompanhar essa “evolução”. A gente até valoriza essa “evolução”; sinal de “progresso”.
Aqui com o restaurante Sapporo a gente é obrigado a viver essa “monotonia” e essa sensação de “falta de crescimento” por ser os mesmos 12 dinheiros, o restaurante continuar igualzinho faz 3 anos e o cliente ser o mesmo nessa época do ano…
Concluindo o texto, exclusivamente aqui no Blog: ser brasileiro tem disso e a gente percebe assim – principalmente – quando pulamos fora (para poder enxergar por dentro). Quem dera que todos ou muitos brasileiros pudessem pular para fora, para ter uma chance de poder enxergar melhor por dentro.
Ah MVG mas tambem tu ta nos USA né? Um país que gasta horrores em guerra e “nem sente” pois a economia deles é turbinada. No resto do mundo creio que deve ser normal. Europa, Asia e principalmente America Latina.
Normal = acompanhar a inflação.