Ok, tema polêmico replicado no MVG. Nessa semana as pessoas têm soltado suas opiniões sobre o transexual na cruz, que fez uma alusão a Jesus Cristo crucificado no dia da Parada Gay. Deu e tem dado um falatório, jogando de novo os extremistas evangélicos contra os gays ativistas (ou simplesmente simpáticos a encenação). Como bons cidadãos que gostam de polêmica, tal semblante ganhou mais holofotes do que aquele grupo de evangélicos contra a homofobia que, curiosamente, partilharam do mesmo mote do manifesto.
Volto de novo a criticar os extremos, aqueles que – sobre todos aspectos e/ou causas -, precisam se agarrar com todas as forças em seus modelos para falarem de “verdades absolutas” sempre diametralmente opostas às verdades de seus rivais. É exatamente isso: extremistas pensam mediante seus rivais, abusam das emoções e arrancam qualquer senso ou moderação para tratar dos temas. Ganham a audiência que gostam de ter e tiram o foco do ponto central de qualquer causa.
Confesso que esteticamente achei a figura do transexual na cruz bastante bonita. Um belo trans, diga-se de passagem, com uma ornamentação bem feita. Mas precisava pegar na ferida dos rivais diametralmente opostos? Ou será que el@ fez na inocência e não imaginava que teria seus 15 minutos de fama, abastecida, inclusive, pelo coro dos Cristãos enraivecidos? Tal cutuque nas respectivas feridas não acabam, numa eterna e contínua função de uma parte justificar a outra. Não me representam, mesmo.
Curioso que a minha timeline, recheada também de colegas e amigos gays, ficou dividida. Tem melhor base de pesquisa de satisfação do cotidiano, do que a nossa própria timeline hoje em dia? Não.
Os ativistas, claro, vestem a camisa e brigam contra a briga que vem do lado dos evangélicos. Os transeuntes gays “comuns”, não ativistas e até mesmo os amigos heterossexuais simpatizantes acharam a afronta desnecessária. Como o Blog MVG é um meio opinativo, eu também concordo que não precisava dessa “qualidade” de provocação.
Meu pai, vira e mexe, tece críticas negativas a minha cunhada. Questiona sua personalidade, determinados comportamentos que as vezes ela tem e as vezes deixa de ter e semana sim, semana não, vai desenterrar algum incidente que, as suas vistas, foi um deslize comportamental por parte dela. A verdade é que os dois são muito parecidos, isso sim. Gênios fortes, por vezes extremados e controladores, em linhas gerais. Na última visita da minha cunhada (que não faz um mês e deixei registros por aqui), teve algum incidente que incomodou demasiadamente meu pai, assunto que nem vale a pena detalhar. O fato é que, na véspera deles voltarem para o Rio (meu irmão, a Cunha e a sobrinha), meu pai torcei o nariz no momento da despedida.
Disse minha mãe assim:
– Seu pai ficou todo doído por aquela história lá e na manhã que seu irmão estava indo embora me falou assim: “ah, eu não vou levantar para me despedir. Vou fazer como ela”.
Logo minha mãe interviu:
– Deixa de ser infantil?! Seja superior a ela e pare de besteira.
Meu pai calou-se, refletiu um pouco e se levantou para fazer as despedidas.
A mim, esse bate e rebate, num cutuque das feridas entre os extremos é a mesmíssima coisa, nua e escarrada: um jogo de infantilidade besta. É como as sentimentalidades dos times de futebol, mas velado ou disfarçado num tipo de sarcasmo. É bobo, ingênuo e xucro. Assuntos do tipo, hoje, com 38 anos e imaginando que sou dotado de uma postura mais amadurecida, me dão uma tremenda preguiça.
Agradeço aos evangélicos que sem manifestaram contra a homofobia. Esses sim, formaram um partícula que, numa mídia como o MVG, merece reverência. Somos cretinos dando audiência a esses joguetes, nessa osmose tola, nivelando por baixo, sem senso crítico algum. Que tal enaltecermos os ímpetos de igualdade?
Está aí, com todo prazer: Evangélicos se manifestam contra o preconceito no Conjunto Nacional. Foram apenas 15, mas foram.
Eis a nossa democracia de novo dando suas caras: infantil e boba.
Correção: A [mulher] trans, não O nem arroba