Amigos leitores,
dei uma desaparecida esses dias pois tirei uma “mini férias” com o meu japinha. Retorno hoje as atividades MVGísticas e fica aqui um breve registro de “Farellones”, há 3.000m de altitude – Cordilheira dos Andes – em Santiago do Chile:

Com esse breve registro de viagem, é importante lembrar que uma das situações que dignificam um relacionamento são as próprias viagens. Dizem que são nelas que conhecemos realmente as pessoas que nos acompanham e acredito nessa ideia. Voltei amando mais o “meu japinha” e com muito mais paz no coração, aquele tipo de paz que o próprio amor nos oferece.
——————————————–
Preconceito contra gays e homofobia são questões que todos os anos ilustrarão as notícias por aí. A “luta” já é longa, antecede os feitos de Harvey Milk e será presente por longos anos.
Mas é importante mesmo se atentar: brasileiros que somos, temos que cuidar bastante para que o preconceito que existe por aí não alimente demais a nossa cultura vitimista. Assim: as vezes o medo do preconceito é tão grande que nos estagna. As vezes o medo é tão forte que justificamos nossas condições em detrimento ao exclusivo preconceito e esquecemos ou não valorizamos as outras partes que somos e que nos enaltecem como indivíduos.
O programa “Põe Na Roda” do YouTube lançou recentemente mais um episódio, “Afinal, o que há dentro do armário” e reproduzo aqui:
Usaram aquela famosa linguagem dos telejornais, colocando pessoas na sombra com apelidos, oferecendo depoimentos de jovens que vivem “na penumbra do preconceito”. Achei a intenção bastante válida, mas a forma – a linguagem – a mim não foi a mais bem escolhida. Oferece um caráter dramático demais e até punitivo para aqueles que ainda estão no armário. Está aí o vídeo para que cada um avalie como achar melhor.
Gostaria de lembrar apenas que estar no armário é também uma escolha num conhecido conflito entre o próprio querer e o querer dos outros. Aqueles que vivem no armário contra a própria vontade (pois sim, pelo MVG aprendi que existem gays que estão no armário por vontade própria) revelam o quanto os desejos e vontades alheios (dos pais e familiares) influenciam em seus quereres. Quero lembrar também que todos aqueles que conheci ontem e hoje, e que se assumiram, colocaram suas vontades a frente, enfrentando em diversos níveis os pais e familiares para mostrar (as duras penas ou não tão duras assim) que a homossexualidade não deve ser questão de rejeição ou discórdia no núcleo familiar.
Até onde eu sei, a boa educação mundial sempre disse que devemos batalhar, correr atrás, buscar e conquistar nossos sonhos e objetivos. A vida acadêmica, a vida profissional – a vida em si – nos cobra constantemente pela superação. Não é à toa que grandes ícones do esporte atuam como consultores para as empresas. Não é à toa que filmes, tais como “Ray” (da vida de Ray Charles), “Milk” (da vida de Harvey Milk), “A Sociedade dos Poetas Mortos”, “O Sorriso de Monalisa” ou até mesmo o “Diabo Veste Prada” tem lá seus toques de enfrentamento, superação e escolhas da vida para a emancipação e para a felicidade individual.
É importante refinar o senso crítico e cuidar para não dramatizar demais, tampouco nos colocar como vítimas desse mundo. Em parte o mundo nos influencia. Mas na maioria das vezes nos pegamos deixando nos influenciar.
De onde tiramos tal segurança para evoluirmos de nossas condições? Da educação e da cultura, meus queridos leitores. As vezes, temos que ultrapassar as barreiras da religião, dos valores dentro de casa, do nosso micro mundo. As vezes é importante um esforço para enxergar além, colher referências mais distantes do horizonte que enxergamos hoje. Para tal é necessário a busca pela informação e, assim, a informação passa a ser naturalmente uma fonte para cultura e educação, para formar novos valores. É necessário quebrar paradigmas, deixar de acreditar nas ideias que nos circundam hoje e ampliar nosso olhar, buscar referência de outras pessoas, outros grupos, outras comunidades, outras religiões, outros costumes. E devemos seguir nesse fluxo com um cuidado para não se apegar demasiadamente nas culturas que nos aparecem pela frente para que não virem outra doutrina, para que não se fomente o radicalismo ou o fanatismo.
Certa vez na vida, passei um final de semana numa comunidade Hare Krishna no interior de São Paulo. Tive a oportunidade de conversar com os maiores devotos, os fervorosos, e notei que aqueles que se tornavam os seguidores mais fanáticos eram os que, no fundo, se puniam radicalmente por questões pessoais no passado. Daí pensei: “será a culpa o melhor propulsor para a transformação na vida?”.
Não seria mais evoluído termos outros propulsores para a própria que não o sentimento de culpa?
Sendo culpa, prefiro apostar na força de vontade.
Seu blog está demais, parabens, recomendo.
Obrigado, Jota! :)