“Conselho de mãe nunca é demais”
Conseguiremos emendar a sexta-feira aqui na empresa. Previamente, anunciamos para a turma que não ia rolar, mas hoje ficou como o dia para verificar com meu gestor a possibilidade. A visão global dos projetos fica na mão dele e nada melhor do que o próprio para dar o aval final mediante uma conversa comigo. Vou confessar que há anos eu não torcia tanto pela emenda por motivos pessoais e, por isso, preferi não dar a última palavra. O motivo é o Beto, que surgiu na minha vida há apenas 10 dias. E a real é, somado a todo um entorno consciente, pragmático e pé no chão que transpira por aqui, por mim, pintou esse magnetismo que eu não sinto há tempos.
Com o meu primeiro namorado eu senti. Foi algo há 16 anos atrás, quando eu tinha 23, e foi um momento regado da ingenuidade, expectativas, fantasias, inseguranças e carências de um recém fora do armário que queria muito namorar. Depois, há 8 anos com o Pedra, mas cheio de medos por não notá-lo numa mesma sintonia de reciprocidade, com idas e vindas, o que me fazia sentir vulnerável. E agora, aos 39 anos eu sei: não há nenhum dos elementos juvenis da novidade, das carências, das autoafirmações e das expectativas de começo de vida afetiva e não há nenhum tipo de barreira ou desnivelamento de interesses pela parte do Beto. É totalmente correspondido.
A emoção está por dentro, querendo fluir, mas é impossível não afirmar certa perplexidade: “eu, com 39 anos, poderia me sentir assim por outro? Será que não estou ‘pirando’?”.
Na mesma medida, sem o medo-jovem de alguém minar ou arrancar esse “tesouro da vontade”, tenho consultado pessoas próximas e íntimas, incluindo a minha mãe. Inclusive, estou colocando tudo no Minha Vida Gay que, a bem da verdade, se eu temesse alguma coisa não faria. Tenho narrado o caso num puro exercício autoafirmativo para ouvir “de fora” e de pessoas cujos conselhos e pontos de vistas tem relevância, se eu não estou viajando em algum capítulo.
Todas as quartas almoço com a minha mãe e foi necessário compartilhar. Ela veio me questionar sobre meu encontro do final de semana e disse que estava me aguardando comentar alguma coisa e, como eu não havia comentado, achava que alguma coisa poderia não ter dado certo. Eu tentei até falar algo ontem a ela, quando nos encontramos numa outra ocasião. Mas, juro, fiquei com vergonha!
Eu… com vergonha…
Assim que ela me questionou hoje, na viagem de sua casa para a churrascaria, eu disse: “nossa mãe… eu estou encantado pelo menino”. Ela caiu na gargalhada! =O
Narrei os detalhes, os mesmos expostos aqui nos últimos posts. Sentamos a mesa do restaurante e, enfim, perguntei a ela:
– E aí, mãe… sinceramente. O que você acha de tudo isso?
– Eu acho que você tem que se jogar. É raríssimo acontecer esses encontros correspondidos.
– É, né? Muito raro mesmo…
– É… normalmente sempre um gosta mais do que o outro.
Hoje eu tive terapia e a minha psicóloga levantou o mesmo que eu já tinha feito a mim: “o que você tem a perder?”.
E realmente. Como “bom ariano” eu tive que “batalhar” para conquistar determinados afetos. E dessa vez não há nenhum tipo de barreira. Com o meu primeiro havia ainda seu ex que, a época, criou certo reboliço no meio do caminho.
Imagino que o Beto nem precise se assegurar tanto assim pela sua aparente personalidade. Mas, neste caso raro, depois de 8 anos, eu preciso e muito. Minto, ele mesmo tem autoafirmado a mim. Ele acha muito louco tudo isso e, assim como eu, entende que não tem como desperdiçar essa oportunidade.
“Parece que eu te conheço há muito tempo”.
Haha, tão boa essa sensação! Acho que senti apenas uma vez. E na maior parte das vezes, é algo recíproco, sim! Flávio, independente da idade, tendo 39 anos ou não, na verdade isso pouco importa. E cá pra nós, você é uma cara novo, de alma jovem. Aproveita! 😀