Ser gay no Brasil costuma exigir mais. Veja alguns pensamentos de orientação.
Ser gay no Brasil e em boa parte do mundo exige muito mais da gente porque a sociedade, de maneira geral, exclui e tem medo. Primeiramente, os pais não esperam que os filhos sejam gays nem tem a naturalidade para isso. Os amigos nem sempre podem entender direito e, no ambiente de trabalho, nem sempre a homossexualidade é vista com bons olhos.
Depender do governo e de um movimento social para que as coisas mudem e melhorem é o mesmo que deixar a responsabilidade para o outro. O governo brasileiro, fora a evidente corrupção, tem que administrar as mais diferentes questões, nas mais diversas áreas. A sociedade, de uma maneira geral, não tem a base de educação, é machista e tradicional.
Diante desse cenário com poucas expectativas que colaborem, por onde começar?
Um ponto que comento nos posts no blog com certa frequência é que nós, gays, temos uma responsabilidade grande nas mãos. Por viver nesse contexto social, cujo cenário é mais negativo que positivo para a abertura a homossexualidade, a consciência deve partir do núcleo familiar e, mais especificamente de você, que é gay.

O pensamento deve partir do princípio que, antes de ser gay somos indivíduos com valores e responsabilidades, como qualquer outro. Como pessoas inseridas em um contexto social, temos a responsabilidade do estudo, da boa relação familiar, da busca por um trabalho e uma formação para que, a longo prazo, nos tornemos indivíduos independentes. Em outras palavras, nascemos, crescemos e amadurecemos. Vivemos e nos tornamos adultos.
Para retirar um pouco do “peso” por ser gay, devemos buscar força para evoluir sob todos os aspectos que não somente a nossa sexualidade. Temos uma responsabilidade em estudar, buscar conhecimento, encontrar um bom trabalho, ter boas amizades e adquirir uma independência que não deixe-nos amarrados somente as problemáticas que surgem por sermos gays.
Recentemente, em conversa com meu pai que sabe que sou mas tem limites para aceitar, ele comentou: “As vezes eu invejo você por conseguir a maioria das coisas que você corre atrás, por ter essa independência e não ter tanto medo. As vezes eu gostaria que você fosse mais medroso”. Por trás dessa frase existe o valor pelo indivíduo que sou, responsável, com objetivos, com intelecto e atitude para correr atrás da vida, o que faz a minha sexualidade ter muito menos importância. Na realidade, sexualidade deve ter menos importância mesmo!
Está aí um dos grandes segredos para ser um gay mais em paz: entender que você é muito mais que a sexualidade e, assim, enxergar melhor a “luz no final do túnel”. Efetivamente, todos nós, somos muito mais do que isso. Acontece que, as vezes, a gente não acredita ou dá menos importância do que deveria dar. As vezes a gente só agarra a bandeira, quer causar, chamar atenção por ser gay e, no final, a parte do conteúdo da impressão de vazia. As vezes é vazia, as vezes não é.
As pessoas, certo ou errado, costumam associar a falta de responsabilidade com a sexualidade, no nosso caso. É óbvio que para uma pessoa mais esclarecida isso é um absurdo. Mas, nesse contexto social que ainda é “burro”, de pouca cultura e muito religiosa, é nisso que muita gente acredita: ser gay é falta de postura. Esse pensamento é uma bobagem, ou melhor, uma estupidez.
Porém, na prática, se conseguimos mostrar as nossas capacidades que vão muito além do que isso, temos a chance de mudar pensamentos. Temos a chance de sermos mais realizados como somos.
No meu sincero ponto de vista, todo gay, deveria refletir nesse sentido. Dá mais trabalho, exige mais e pode até tirar um pouco da leveza da vida. Mas, se batalhamos por um mundo mais justo e igual, a militância deve começar dentro de cada um, num tipo de provação de que somos muito mais.
Se esse post não fez sentido, talvez você não esteja preparado para melhorar.
Para muitos, ser gay é ser uma pessoa que o sexo vem antes de tudo. Isso é válido para quem é gay e quem não é. Gostei quando fala de colocar a sexualidade de lado… é isso que temos que fazer, VIVER, buscar uma vida digna, independente se a maioria da sociedade recrima nossa sexualidade, mas se ela for só nossa, sem exposição, somos tratados com respeito e admiração, porque acima de tudo, somos muito corajosos e fortes para assumir nossa intimidade e desejos,
Muito legal seu comentário, Rodrigo. Realmente, para ser gay no Brasil – e talvez no mundo – precisamos de coragem e força. Como dizem na brincadeira, “para assumir gay precisa ser muito macho!”.